As minhas mãos finas não possibilitam trabalhos
severos, quando vou preparar um caldo de abóbora japonesa por exemplo, só de cortar
a casca sempre brota um ferimento próximo aos dedos, dona da pensão diz que é
melhor colocar no vapor para facilitar, se fosse um macho estressado já teria
na cabeça que ela nas entrelinhas me chama de frouxo, tanto tempo junto chega
uma hora que as coisas são ditas assim na desdita, estou nessa linha para te
confessar que nessa parada resolvi botar a mão na massa, coisa de esforço puxa,
preciso abrir um parênteses para contar uma coisa, um tanto Candinha até, teve
um domingo que saí com bambina para uma flanada ao mercado, entre leros na
passada, vimos um cara pintando o poste na frente de sua casa, o cara podia
estar lendo um jornal, vendo o esporte espetacular, preparando o almoço, de repente
um cheiro no amor que indicava o anel dourado num dedo desses que não me lembro
o nome mas não, estava pintando o concreto onde no cume não se avistava nem
mesmo uma lamparina, dois ou três passos depois tivemos que rir, devo admitir que
por sua aparição na paisagem nos embrenhamos em outros assuntos, ela é a cara
da mãe só que, tem umas tiradas irônicas cara do pai, fico pensando nesse cara
agora com a pandemia, a tinta envelhecendo como é mesmo que a gente se refere
quando deixa a tinta sem usar por um tempo? ando um tanto esquecido de algumas
coisas aparentemente simples, deve ser o excesso de álcool gel, antes que me
esqueça de novo, fecho parênteses, então, como dizia, esforço sem fadiga, tinha
um tempo que precisava organizar os meus cds, são tantos, alguns identificados
por letras outros por número, quando as festas não eram músicas em aplicativos
vivia limpando os disquinhos, depois de um tempo cansei, na cachaçada comum em
casa, o conteúdo na hora da escuta não era o que estava impresso na embalagem
saca? enfim, fui pegando aos montes para colocar em umas caixas bem legais tipo
estante debaixo da mesa onde ficam os livros de poesia(quanto detalhe), ainda
tenho fazer o almoço preciso ir logo com isso quer dizer, com esse relato,
tinha uma sessão só de rubro negros não sei se sabe, sou flamengo não tenho uma
mina chamada Teresa, não dirijo e desisti do violão, nesse conjunto vermelho e preto geral do velho
Maracanã, kid morangueira Moreira da
Silva, estava o dito no cujo, botei para tocar, abri uma cerva desceu pela
guela revigorante, quase matou saudade dos gols do GABIGOL, lá pela faixa sete música título desse assunto, composição
dele com Geraldo
Pereira e Ribeiro
Cunha, ouvia tanto e assim como nos transformamos digamos não todos,
felizmente alguns, em pessoas que se preocupam com o contexto do que lê faz
ouve, olha só isso,
Na subida do morro me contaram
Que você bateu na minha nêga
Isso não é direito
Bater numa mulher
Que não é sua
Deixou a nêga quase nua
No meio da rua
A nêga quase que virou presunto
Eu não gostei daquele assunto
Hoje venho resolvido
Vou lhe mandar para a cidade
De pé junto
Vou lhe tornar em um defunto
Que você bateu na minha nêga
Isso não é direito
Bater numa mulher
Que não é sua
Deixou a nêga quase nua
No meio da rua
A nêga quase que virou presunto
Eu não gostei daquele assunto
Hoje venho resolvido
Vou lhe mandar para a cidade
De pé junto
Vou lhe tornar em um defunto
se o cara tivesse dito
que a mulher fez desaforo, ele mesmo bateria, ele pode fazer o que bem entender
com ela? uma propriedade? o lance também é a cor da pele, já escutou esse som? vale
dar uma escutada, vixe! fiquei de prosa contigo já passa do meio dia, a casa
virou escritório por essas semanas, tenho que correr com o rango, se não apanho
da patroa, conversamos amanhã,
Li. Depois que li, busquei o Moreira na subida do YouTube. Aí enquanto ouvi, reli. E ao reler, mais gosto que senti daquilo que li. Parece que enquanto eu li (e ouvi) saboreava esse Caldo de Abóbora que (olha que gostoso dizer isso) conheci num Panelaço (não contra o CapiroBozo) mas Panelaço de Panela grande mesmo, de se esbaldar de bom...
ResponderExcluirQue delícia aquele Caldo de Abóbora, Poeta... e que apetitoso este de palavras...
Evoé, nobre Escritor.
Um abraço.
R.
20 de abril do pandemônico ano.
valeu mano, nesses dias de parada, a coisa tem sido a tal de organizar isso e aquilo e nessa sempre pinta umaideia para escrever, evoé
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