qual a necessidade haver Trindade?
hoje, ontem, amanhã?
no campo santo
todos são iguais
nessa existência aqui
é raro, difícil
estar no mesmo patamar
quando nos achamos assim
tem lágrima
e moramos
uns nos olhos
do outro
sim
singular
na simplicidade de ser
Trindade
a poesia
podia, pode, poderá
terminar aqui
um dia todo
ainda por viver
acontece
que estou horas
atrás
na esquina
esperando o amigo
tenho sido tudo
até mesmo sozinho
pode parecer estranho
essa solidão
não desapega
a droga para curar isso
precisa de receita
e o doutor
cumpre uma vacanza
sem fim
essa malatia
que Trindade
trata com abraço
Rec queria as minhas mãos
Raquel a minha boca
Ariadne o meu coração
as meninas da mesa
só o meu chapéu
para a fotografia
esdruxulo
sem fazer a barba
fechei a porta, o portão
desci as escadas
ganhei a rua
de todas essas pessoas
que precisam de mim
não senti
qualquer balbucio
nada
além do sono profundo
vai ser assim um dia
só o retrato
a imagem fria
sem pose nem nada
os pássaros cantam
o bolso vazio
a canção que martela
eu não preciso de muito dinheiro
e deus não existe
faz frio até
haver Trindade na memória
é o sol que aquece
parece piegas
pode até ser
quem disse
que tem que enfeitar o pavão
para falar do que se sente?
vou deixar toda a emoção aqui
a funesta lotação
acaba de comprovar o cumulo da força
dobrou a esquina
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