“Jogina,
que o
sentimento que nos envolve seja duradouro, saiba que pode contar sempre comigo.
De seu
querido
Ton
13/06/2006”
É a dedicatória que está no livro, foi
difícil de encontrá-lo até aquela tarde de chinelada e desbunde pela Rua Roma,estava
ao lado de outro com o mesmo título, o que os distinguia era o estado de cada,
o que peguei primeiro era de capa dura, parecia simplesmente não ter sido lido,
o outro que fora dado de presente para Jogina, estava gasto, roto, para ser
apreciado em casa, não foi pelos oito mangos que o levei, achei naquele
instante que aquele livro precisava o seu caminho de pertencer ao mundo,
transitar entre casas e pessoas. Fiquei pensando no que era Ton, o que
significou Jogina para ele ou o que significa, uma paixão? apenas amizade? de qualquer
forma algum laço foi quebrado para que aquele Hemingway fosse para em
outras mãos. Sentado num é de porco na Faustolo, com a cerveja num copo curto
tinha os olhos para a rua, mastigava pensamentos na aridez desses dias, tem um
sol individual, tem gente querendo se livrar do seu, mas é impossível. Jogina,
esse amor que podia ter sido, tantos amores que acabam em vão por razões tolas,
o próprio amor é um sentimento tolo, me lembrei de Carlitos em sua busca pelo
ouro, os olhos daquela mulher por quem o vagabundo fora atraído, ela se não me
engano se chamava Georgia, teve final feliz esse filme, a magia do cinema, tem
hora que fico pensando no depois daqueles personagens, você já viajou nisso? Saca
aquela história? O que aconteceu depois? Uma espécie de A rosa púrpura do Cairo manja? vou deslizar a pena qualquer dia
numa manhã de silêncio, nem tão silenciosa assim, para escrever uma crônica que
narre o encontro entre Ton e Jogina muitos anos de pois, a indiferença dela num
olá frio, a vibração contida dele por vê-la com um outro qualquer, sozinho Ton
vai perceber ao observar o verme que a acompanha que foi melhor não ter ido
adiante, ela jamais iria curtir um Bergman, que papo podia rolar depois do
sexo? É bem capaz que ela tenha se tornado mais uma leitora dos cinquenta tons,
é provável que ela sonhe com uns tapas quando fica de quatro e o banana seja do
tipo comportadinho, aquele sujeito que aparece no churrasco vestindo camisa
modelo pólo, bermuda com cinto, sapato mocassim , não sabe o que é passar a linguiça
na farofa, sabe você que está nesse papo comigo que esta crônica vai rolar,
puxa, quase me esqueço, quem acabou lendo o livro que comprei foi Maria Célia,
deixou um pequeno cartão com algumas anotações dentre dele, fico aqui pensando,
quem seria ou quem será Maria Célia?
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