domingo, 29 de dezembro de 2013

cantinho

algumas flores
não são presentes para você
elas murcham
um vestido repleto de cores
semelhantes
as tais batas que uso sim
faz de teu sorriso
a constância dos dias plenos
vão dizer que foi feito
por tuas mãos
o tecido que cobre o meu peito
é coisa comum
tem gente que acha
que já nasci vestido assim
pertence a esta pele rota pelos anos
foi a coisa que me enrolaram nascido na pobreza
esse dia domingo
nada se deve lavar
nem quintal
nem azulejos
hoje é dia de sair no desbunde
abrir casa no 62
esculhambar Guimarães
rir da unanimidade
fechar geladeira
abrir
destilar outra saideira
passear por este labirinto
um carrossel Ariadne
manhã tarde
ao lado do filho de Menelau
essa relação com o fim
daquilo que vai virar outro dia
passa o calendário
novo primeiro janeiro
quase tudo igual
ficou o dia
uma mãe chega
outra reza
pelo fruto que será mordido
tivesse terra o quintal
o caroço do pêssego
daria árvore
uma sombra
um sol oblíquo










2 comentários:

  1. Bela construção, final incompleto... Faltou uma porrada, um rabo de arraia decisivo. Ou não? Sou antigo, gosto de fechos de ouro...

    ResponderExcluir
  2. a poesia tem disso, às vezes a porrada está antes do fim

    ResponderExcluir