Nem tão feliz quanto desejava ou triste
como a situação pode justificar, nem alegre nem triste como escreveu Maiakóvski,
melhor assim para dar cabo a este começo estranho então, desço a ladeira numa
bicicleta, dia azul, sexta da paixão minha eterno amor e, essas coisas que a gente
sente e nos deixam bobos fazendo com que qualquer coisa pareça legal etc e tal.
Na mochila alguns livros por devolver, de uns tempos para cá tenho utilizado a
biblioteca pública, nem tudo dá para se comprar, algumas coisas não valem a
pena permanecerem conosco se enchendo de pó, é legal chegar por lá, falar com
os atendentes que quase sempre parecem estar de saco cheio, coisa louca isso, o
prestador de serviço que não suporta te olhar na cara enfim, a leitura é uma
coisa que aproxima e também cria um abismo entre as pessoas “cê” não acha? O hábito
de ler devia funcionar para que a gente pudesse sacar os ângulos diversos de um
ponto de vista qualquer, pouca gente lê, pouca gente pensa no que fala, pouca
gente anda de “baique”, no pedalar a musica jazz no ouvido, o sol nas lentes
dos óculos, tem gente que acha um desbunde, cara, vou dizer com toda
sinceridade, como é bom desbundar nesse dia onde uma pá de gente trabalha. Parei
para um café poucos minutos atrás, lugar bacana que diz Luiza ser caro à beça
mas, viver nem sempre é barato, dá para ficar de esgueio sapeando o papo dos outros, de certa forma vivo um
pouco disso para escrever, esse funicoli, funicolá alheio, de uns tempos para
cá todo mundo anda político de mais, raivosos em excesso até, contras e
contrários, uma balela que nem vale entrar em detalhes, a moça que atende me
conhece, tem um sorriso tão lindo que deixa esse canceriano assim tão enamorado
dela, problema é que ela tem aquele troço no dedo, indicativo objeto de
pertencimento, sabe do meu pão de queijo, da média escura, da menina dos meus
olhos enquanto ela caminha pelo espaço que domina, tem sempre umas pessoas que
olham para você dando a dica de que ali ou aquilo não te pertence, essa cidade
concreto é bem assim, sempre foi, aí olho para os meus caraminguás que são
iguais aos de qualquer um e dou de ombros. As duas observam a camiseta hindu,
mochila hippie, capacete, um verme na visão delas, puxa, nem sabem que são tão
lindas, perfumam bem que até dão um atchim em mim, saúde, evoé onze da manhã,
falam dos seres nocivos gente de duas pernas, dois braços, esculhambam mesmo,
Isabel tão linda que serve de forma magistral é apenas e tão somente a serviçal
da casa grande, acho legal picotar o pão
de queijo, come-lo sem usar guardanapo, elas me fitam novamente, não estava me
sentindo mal, longe disso, sou do tipo que fuma charuto na calçada e, avisto gente
vindo lá dos confins já com mão no nariz, óbvio que quando o indivíduo chega
perto solto aquela baforada, um pouco Fradim se é que entende? A vida passa
pela janela e o fulano ganha o seu sustento vendendo rosas, termino o café que
é mais pretexto para ver a garçonete, do que parada obrigatória ou fome matinal,
se um dia ela se for acho que também parto dali, vou entrar em depressão até
encontrar um outro posto para compor as minhas crônicas, pago, saio, deixo o
capacete sobre o balcão, não devo ter comentado que o lugar estava quase vazio
não fossem as duas e eu, volto com uma rosa na mão, as duas novamente me olham,
ar de sujeitinho chato fazem, pego o protetor de cuca, chamo a pequena que vem secando
as mãos no avental e lhe entrego uma rosa, vermelha ela fica a flor é rosa
mesmo, as duas não falam percebo com o canto dos olhos, Miles no ouvido, a
ladeira, no fundo devo estar alegre mesmo e isso é difícil.
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