Tem algumas décadas que se você foi
prezado Tom, fica o seu isco chamado Inéditas
girando na vitrola, tem nostalgia em cada arranjo, não tua, mas de Estela
que dias atrás nos deixou, era de fibra, é ainda, sempre será, tenho uma forma
estranha de me relacionar com a ausência, lacrimejo por dentro, busco na memória momentos bons que quase
sempre misturo com tragos líquidos e do companheiro charuto, hábito que você
também tinha, perdi o meu chapéu outro dia, ao contrário de ti possuía apenas
um, ainda não bateu em minha porta uma proposta para ganhar alguns trocados com
arte, não tem crise, a gente vai levando, difícil meu velho é lidar com as
palavras, se o tema é saudade brota uma tristeza que já vou moldando para
alegria, festa, era assim a nossa magrinha, sacolejo no samba, não tinha
dispersão, a bravura indômita de uma canceriana, o abraço de tantas cervejas,
vinhos, das reflexões pela madrugada quando a folia baixava um tantinho, passou
o carnaval em tua terra, não pendurou a saia na quarta feira, continuou
dançando, arrastando as sandálias até o domingo, a vida Tonzinho não é só isso
que se vê, é preciso dela sugar até o último suspiro, nada pode nos deter, meu
querido Brasileiro Jobim, as tuas águas vão banhar o corpo de minha amiga,
assim, quando eu for ao Arpoador poderei abraçar e contemplar a eternidade de vocês
dois.
Nenhum comentário:
Postar um comentário