Ontem, assim do nada, como tudo que nos ocupa
numa resposta um tanto rápida mas, que depois fica mexendo contigo que nem o
tempo veloz esvazia, pintou a pergunta, como foi a tua primeira vez? Hoje, os
afazeres não eram tão grandes, problema maior era a boca seca, cujo remédio é
uma gelada acompanhada de um charuto para espantar gente chata, fui ao Arlindo
que sem receita me forneceu preciosos elixires. Enquanto a fumaça se dissipava,
estendi olhar numa pequena mergulhada numa pequena tela, duas mesas após a minha,
o desvencilhar do entorno em que ela se achava, me fez dropar na onda da
memória. Era chuva, a gente corria, de nada adiantava, era água demais, então
rimos ao mesmo tempo, dentes novos como nós, um
abrigo, amor deixando as fraldas, aprendendo a andar, seios dela, duas
amoras doces, o beijo era o ainda morde lábio sem querer, procura achar
encaixe, assim já era o que cobria Adão e Eva, tesa, teso, entra, sangra, dói
para os dois, nem foi tão até o fim, a inocência por certo se foi misturada com
as correntezas da vida, no silêncio as mãos se seguraram na barra dos onze
anos, beijos raros parcos algumas vezes depois, nada mais que isso, ela se foi,
eu também, ontem voltou e, eu queria retornar para aquele dia, queria o sol, a
risada e nada de dor.
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