Era quase uma
canção de ninar, a voz da moça entoando a história de Serafim, a cada palavra
rolava uma saudade, estávamos novamente numa época de esperança, a suavidade da
moça, o violão, dentro de uma noite onde nos reencontrávamos. As casas devem
ser abertas sempre, para que tenham história, nada mais chato do que retocar a
tinta de uma parede, sem a marca de algo que nos transporte pelo tempo, tá
certo que casas são templos mas, é necessário que sejam abertas para que não se
transformem em seitas fechadas em muros. Saíamos do silêncio para cantar o
refrão, breves minutos em que um querubim passa pela vida, olhos se fechavam
enquanto a musica caminhava, esse ato que precede o beijo, essa forma que
conduz para dentro da gente o momento do sono, onde encontramos força para a
lida, para terminar o texto no desassossego. Assim como chega, vai embora o
amor, alguns ficam juntinhos por quase uma eternidade, que deixam de confundir
pernas, para pegar bengalas erradas, riem da confusão mesmo assim, ainda
reclamam pela desorganização de um e de outro. Ao final de Serafim, as filhas
fitaram as faces, uma década separando cada uma, sorriram talvez sem entender,
com o passar dos dias pode ser que toquem no assunto, piano, piano, como de diz
em italiano, as cordas ecoaram o último verso, depois das respirações
profundas, o espaço foi ocupado por uma
crua felicidade, foi a forma com que aplaudimos a nossa capacidade de ir além.
Beleza de texto!
ResponderExcluirvaleu, leu o outro que se chama O mar
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