quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Inacioval e a morte 2 - Burocancercracia




Existe uma norma instituída em qualquer esfera de governo por estas bandas, que é a de criar dificuldades para vender facilidades, no que se resume isso? por exemplo, o cidadão necessita de certo documento, chega à repartição pública correspondente, recebe um formulário com todas as informações necessárias para a solicitação, preenche o dito cujo, tira fotocópia do RG seguindo para o que ele imagina ser a coisa mais fácil desse mundo, em geral esses formulários possuem quatro vias, o sujeito entrega no guichê 1 a via rosa, no 2 a amarela e, quando entrega no 3 a folha verde vem a surpresa, um funcionário atento percebe que a assinatura da Carteira de Identidade não corresponde com a que está no formulário, embora possa conferir no cara-crachá, pede para que você reconheça a assinatura no formulário, então você pergunta e os outros formulários? bem, os outros são os outros, claro que ele não sabe responder, acontece que para a emissão do famigerado documento todos as vias precisam estar de acordo, ou seja, iguais, então só resta uma saída que é se sentar no meio fio e chorar. Surge do nada algum ser caridoso sentindo o peso de seu pranto, oferece ajuda e por alguns caraminguás, sem fotocópia, reconhecimento de firma, o documento está em suas mãos bem antes do prazo assinalado no balcão de informações. Dá vontade de morrer depender da boa vontade do serviço público mas, em caso de morte isso também acontece, a maratona para colocar o corpo numa vala ou até mesmo para crema-lo é uma das coisas mais insanas que se possa imaginar. Tínhamos um roteiro para seguir, o primeiro passo o tal Boletim de Ocorrência, fomos até uma Delegacia e lá recebemos a informação de que não havia delegado, o cara nos indicou outra, nos dirigimos para esta outra, onde um escrivão e três inspetores disseram que lá também não tinha delegado, afinal, onde estão os delegados perguntamos, um dos distintos numa pose digna de xerife de bangue bangue espaguete, respondeu com muita sutileza, que deveríamos perguntar ao governador,estávamos em xeque, não tínhamos saída, lógico que eles nos mandaram para outro distrito onde finalmente conseguimos quase de joelhos sem a assinatura do delegado o B.O, antes de emiti-lo a escrivã destilou um rosário de falações, número de telefone para reclamação dos outros colegas que não nos atenderam  corretamente e para elogiar a excelente conduta dela em emitir e informar ao rabecão que um corpo aguardava o recolhimento. Uma situação curiosa a nossa, para o bandido tem delegado, para quem paga ou pagou impostos como o morto não tem, antes tinha agora não tem, deveriam transformar delegacias em inspetorias, por isso alguns meganhas civis fazem o que bem entendem, quem cuida do trabalho dessa gente?

A vida em geral prosseguiu naquela manhã depois tarde de sábado, entre o B.O e o recolhimento do corpo tínhamos entre quatro e seis horas de espera, uma pausa para beber alguma coisa, almoçar, pensar nas questões todas, avisar amigos e outros parentes. O lento caminhar imposto por uma burocracia de cidade grande, qualquer coisa que tentássemos fazer dependia do tal documento de liberação do corpo, que só sairia depois da autorização para o devido exame daquele ser solto numa geladeira qualquer, era claro que só poderíamos resolver aquela situação 24 horas depois que o cara já estava numa outra dimensão.  Por volta das oito e meia da noite finalmente, podíamos tratar do enterro, fácil, simples,sem crise, serviço eficiente,custo baixo, fomos ao velório do Araçá, o enterro seria em Osasco, chegando lá encontramos Jacó, que nos indicou o final do corredor, a cabine quatro perguntei, não, a salinha, ele respondeu, o pequeno espaço estava repleto de caixões, que eles denominam como urnas, óbvio, o nosso voto está morto uma vez que é ali que o depositamos. Jacó filho de Isaac estava tentando barganhar sobre as nossas lágrimas, para transporte e estadia a bagatela de mil e pouco, com chorinho para a fiscalização podia rolar por mil, assim na lata, cheque nem pensar, em três vezes no cartão, sem juros, tá certo, vamos pensar, assim nos dirigimos para a cidade “ÓS” Osasco, de repente uma Dorothy com alguns amigos aparece para nos ajudar a encontrar um mágico capaz de aliviar o nosso tormento. Chegamos ao nosso penúltimo lugar dessa saga, a Funerária de Osasco, o documento de liberação em mãos assinado em duas vias, carimbado,rotulado,avaliado,tudo belezinha, certo, certo? como assim? e as tais dificuldades facilidades? a mocinha educada até, o preço era justo, mesmo que não fosse, era conveniente que tudo acontecesse ali pelas terras da Dorothy, ela com óculos em armação moderna pegou a folha primordial para todo trâmite enterristico, cabe lembrar que já estávamos nos primeiros minutos do domingo, com toda a atenção começou a digitar, digitou,digitou,digitou,digitou,nesse ritmo como se cada tecla fosse uma grande novidade, queríamos morrer e quase chegamos a isso mas, imagina só o tormento de quem teria que nos enterrar? quando finalmente ela nos concedeu a graça de colocar o corpo de Isbelio numa nova morada no Parque dos Girassóis.    


Um comentário:

  1. a burocracia vai diminuir e acabar
    veja no google
    - olharxver
    - fundação keshe energia viva
    - divulgando ascensao

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