sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Wanda, use o assento para flutuar


Wanda, use o assento para flutuar
Conhecia um pouco daquele lugar, era descer pela São João e beleza, qualquer coisa era só perguntar, embarquei na 875M e deslizei pela noite paulistana, quando fui desembarcar dei com Wanda olhando pra o meu rosto, aquele sorriso do passado que carrega a mesma leveza, tenho essa coisa de não esquecer nomes ou feições, guardo números insignificantes, minha memória me escraviza, tem fatos que quero esquecer e, que volta e meia surgem como fantasmas, então saímos da diligência, ela para a sua casa na Santa Cecília, eu para a Funarte, bom rever gente, encontrar no presente jamais ter fechado portas no passado, sinto saudades daquele tempo de escola disse ela, outro dia encontrei fulano eu disse, me lembro de alguns sobretudo de você disse ela, puxa vida eu disse, segundos em silêncio, depois puxei assunto qualquer como tenho um blog, escrevo para um jornal, caminhamos jogando conversa fora até um Café perto da igreja Santa Cecília, uma caneta, meu email, blog, um beijo e tchau, lá se foi, fiquei, fui para o meu destino numa terça boa com clima ameno, tinha emoção ainda, a saudade de você ficou ecoando pela calçada de açougues, churrascarias de quinta, botequins, tanto tempo e o carinho do que ficou lá atrás chega feito um abraço que nem mesmo o velho amor sabe dar mais, com os dias em comum tudo se acomoda, os gemidos e sussurros soam desgastados apesar de rara obra estar junto, onde queria chegar acabei encontrando, vazio lugar, uma lanchonete, um cara num banco na espera, o lance marcado para sete, já eram sete, vamos lá, um sanduíche, um café, versos num guardanapo sórdida página de poeta sem compromisso, faltava molhar as palavras para desenvolver melhor as linhas, bolinha de papel, lixo, embora se foi a quase poesia, assim gente foi juntando, mesa com petiscos, cachaças, livros foi posta, Sala Guiomar Novaes quanta história tem aquele espaço, da para sentir a respiração de suas paredes, o poeta em seu instante, um livro, uma vida em páginas, cada frase lapidada, antes do recital uma, duas, três doses de cachaça mineira, aí o poeta e a moça no palco fizeram poesia em tons africanos, tudo bom, tudo lindo até o fim e assim chego nas derradeiras linhas disso aqui, desse relato dia 21/08 leão zodíaco e sabe tem hora que dá vontade de usar o assento para flutuar, ponto final.    
A DICA: USE O ASSENTO PRA FLUTUAR
              Autor: Leo Gonçalves – Editora Patuá

 

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