domingo, 16 de setembro de 2012

Inacioval e a morte - Final - Irmãos


Quando o titulo surge primeiro, o texto demora a existir, às vezes simplesmente não aparece e fica feito promessa herege que nunca se cumpre. Se disser que a amizade surgiu como planta baldia você vai achar que estou menosprezando gente, acontece que outro dia uma orquídea brotou assim do nada, não podíamos imaginar que ela estava ali e pronto apareceu margarida quer dizer, a orquídea. Irmãos que não vieram do mesmo útero, mas da mãe terra, essa senhora asfalto, essa dona mundo mundana que vai trazendo todos os filhos para uma bela comunhão. Nesses dias bicudos tem gente procurando a salvação sem saber que o lance é estar salvo agora ainda em vida, percebemos ali enquanto o corpo esperava para entrar em sua casa alugada por um período curto de três anos, que algumas religiões por mais que os caras se tenham como irmãos nada significam se não há respeito para que nem não tem uma ou é de outra fé, cada um quer ter o seu Jesus, não admitem isso ou aquilo, a imagem, o crucifixo, até quem envereda pelas coisas da mãe África, não percebe que por mais santos que baixem na pessoa, é preciso demonstrar amor, sair da casca da insensatez,  estender a mão para quem está fragilizado pela perda ou por qualquer porcaria que seja, tem ateu mais christão que um monte de gente que sabe todos os salmos, “curintios” e palmeiras da vida. A família se reuniu para o adeus, pessoas que não conhecia desembarcou entre cumbicas e congonhas, vieram trazer o carinho com uma lágrima ao fratello que partiu, fui enquadrando cada cena, queria compor um filme Fellini embora, tudo estivesse Bergman demais, a morte não aceitou uma partida de xadrez, ela estava ali no meio de nós abraçada aos coveiros que torcem pela vida de todos. Na desolação de uma manhã azul de sol, beijei a mulher que amo, que amarei, deixei que ela ficasse ali entre os seus nas ultimas preces de Isbelio presente, o pai, o cara, a figura, o ser, chegava ao fim uma história, mas o bom da vida é virar a página para começar uma nova crônica, não tem girassóis no parque dos girassóis, a flor estava, está no rosto de meus irmãos que o chão trouxe para habitar a minha casa, este corpo que caminha e beija a face de todos eles, desprendido de ambições tenho neles  a grande riqueza que nenhuma religião pode ensinar.

 

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