domingo, 22 de abril de 2012

poema para André

Esse negócio de deus

Quando se diz que Deus não existe

A tensão que se instala

É preciso certa subjetividade

Uma desculpa qualquer

Para que a vida continue

Esse negócio de deus

Que não desenrola o verso

Nem enrola o balaio

Telefonei

Estava com Hagamenon

A linha tocou até cair

Já era “sesfini”

Fica fone na mão

O vazio da presença

Que fosse bom escutar

A foice fosse cortou

Nem martelo tem mais

Tem essa coisa de Márcia

Quando canta

Era dia estragado

E ela cantou tão bonito

Acordou Pedro

E todos os apóstolos

A vida precisa acordar

Correr pelo quintal

Antes engatinha a vida

E quando anda a vida

A gente nem enxerga mais

Outro dia

Descobri

Uma tal “neurofibromatose”

Nome grande, difícil

Não tinha solução

Também não era sinuca de bico

Mãe chorou, pai também

Mas o apelo de Cristo pelo pai

Ficou chato

Ninguém corre para o colo do pai

Mãe não deve chorar

Mãe não deveria morrer

Mãe sorrindo é tão bonito

O pai de André sorri

A gargalhada da mãe

olha aí Mariana

é coisa que se escuta

bem ali no infinito

quase chegando

na Barra do Turvo

que seja cinza o domingo

depois que o Tiradentes morreu

você não acha

que tá tão sol dentro de nós?

Todos dormem

Valter,Carminha,

Alcides, Raquel, Alê, Luiza,

Ariadne, Paulinha, Lu, Chris, Patrícia,

Vitor, Vinicius, Bruno,Thiago, Necy, Regis,

Teka , Ian e Beto também dormem

Adriano não dorme

Pegou Elis e saiu

“Luci inde escai uiti daimonde”

Que nada de coisa nublada

Óculos escuros

Tenho cá para mim

Que Adriano é cara