Vi um antigo amor no meio do supermercado que nem olhou para a minha cara, faz um bom tempo que terminamos que o antigo amor nem se lembra mais da minha figura, está diferente, não mudou para a melhor, o maridão encostou com um salame, ela aprovou e se perdeu com ele pelo super, fiquei ali parado, olhando,puxa que memória eu tenho não? Lembro-me de gente lá do tempo do onça, embora não tenha conhecido o senhor onça, você que me lê conhece o senhor onça? De que tempo afinal ele é? Estar assim largado no meio das compras é bem chato por isso vou bolando algumas historias, teve uma época que até era legal fazer compras, é bem provável que isso foi lá na minha infância quando não precisava abrir a carteira, quando era só pedir as coisas com jeitinho que mamãe resolvia o problema. Em meio a essa rotina mensal, um tema sempre me ronda a minha cuca que é o tal do setor de absorventes, são tantos, de formas e formatos diferentes que dá uma bela crônica, com abas, sem abas, com perfume, sem perfume são vários tipos, na minha infância se chamavam apenas modes e a marca era Sempre Livre, tem também os internos, deve ser a variedade que me impossibilita de desenrolar esse texto, vai que pinta uma mulher de plantão para dizer que faltou aquele e coisa e tal, fico parado um tempo enquanto o meu novo amor escolhe o seu absorvente, tenho a impressão que ela sempre troca, só que quando tenho que comprar para, me diz que quer aquele assim assado. Vou parar com essa encheção de lingüiça, afinal nada do que disse tem a ver com o titulo da crônica, acontece que é legal ficar de bobeira escrevinhando para não esquentar a cabeça com o rancho (lá em Barra do Turvo a compra do mês se chama rancho), outro dia encontrei no hipermercado um carrinho Pé na tabua, puxa quando eu era criança tive um, era o meu xodó, o levava para todo canto, nem sabia que a Ferrari existia e o meu carrinho era vermelho com calinho e tudo, era acordar e pé na tabua para a escola, como diz o padre, naquele tempo tudo era diferente, tão diferente que não podíamos levar brinquedo para a escola, hoje não, as crianças toda sexta podem levar um brinquedo para a escola, a bambina sempre escolhe alguma coisa para levar, hoje, por exemplo, é sexta depois da quinta que venho depois da quarta, não vamos falar do passado não é mesmo? o final de semana tá chegando, voltando a questã como diria o velho Tavares (sim o Tavares diz questã) ontem fomos para a farra, toda farra gera certa ressaca, atrasos no dia seguinte, assim acordamos aos solavancos com se estivéssemos nesses ônibus modernosos de São Paulo, Corre, escova os dentes, arruma o cabelo, pega o sapato, abotoa a camisa, puxa o cinto, escadas, cadeado no portão, rua, papo furado,sempre vamos conversando, chegamos na escola e ela me pergunta do brinquedo, puxa como poderia me lembrar? chorou e é chato quando lágrimas rolam assim pela manhã,acho que era mais pelo sono, uma professora percebeu e a levou para escolher um brinquedo numa sala da escola,fiquei esperando o desfecho que até perdi o meu ônibus, saiu da sala com uma boneca, dei tchauzinho, mandei beijo, ela nem olhou para a minha cara,fiquei triste, mão no bolso e sem a menor pressa de dar um pé na tabua. Quase me esqueço de dizer, que enquanto íamos para escola ela comentou que adorou a bagunça da noite passada.
sexta-feira, 30 de março de 2012
terça-feira, 27 de março de 2012
Vegetariano
Diante daquela picanha sangrando na Churrascaria Passarinho, sentiu que deveria abandonar aquela vida, tão lindas as folhas verdinhas lavadas e como suculentas ficam bem temperadas, decidiu parar de comer carne. Esse tipo de decisão envolve muita coisa, a principal delas é de que você não é dono da sua vida, assim como existem os vigilantes do peso, também existem os caras que se preocupam quando você não curte mais aquele churrasquinho de domingo, nada mais triste do que uma bela churrasqueira cheia de abobrinha, berinjela e cebola. Nesses momentos bate certa solidão, todos os seres carnívoros estão ao seu redor, parece que todo mundo antes do peito ou da mamadeira chorou por uma bela carne ao ponto. Depois de deixar a namorada na casa dela, foi para o mercado comprar algumas hortaliças, queijo, passeou pelas prateleiras naturebas, coisas caras muito caras, tinha que entrar no Google para encontrar uma alternativa que não salgasse tanto no bolso, perambulou pelo lugar como aquele povo de cidade pequena passeia pela praça da igreja no sábado de noite, comprou pão integral, queijo fresco, sempre achou um horror esse negócio de pão integral na chapa com queijo fresco, dane-se pensou enquanto a operadora do caixa passava aquelas coisas olhando para ele, sentia certa censura naquele olhar, pagou, partiu. Sábado, noite fresca, pensava em comprar um cachorro, hábitos novos, no domingo futebol na casa do cunhado, carne, muita carne, um frango seria legal, um peixe talvez, caramba que dificuldade pensou, entrou na 23 de maio, avenida vazia, parecia feriado, de repente freou bruscamente, quase matou o pobre animal, colisão na traseira, nada muito sério, um cidadão exaltado veio interpelá-lo, ele abriu a porta do veículo ignorando os palavrões do sujeito um tanto ubriaco, foi em direção ao pobre animal assustado olhando para ele, era um porco, pegou o animal como se fosse um gato e o colocou no banco de trás, disse para o individuo se acalmar, não o porco, mas aquele que bateu na traseira, lhe entregou um cartão e pediu que ligasse na segunda, acionou o carro, olhou pelo retrovisor para o porco sentindo-se feliz, o porco não, ele, é certo que o quadrúpede estava atônito com tudo aquilo, dia seguinte antes de entrar no Google deu com uma informação no site Terra, Vegetariano adota porco perdido na 23.
sexta-feira, 16 de março de 2012
sebo memória
Ficamos guardando coisas pelas estantes, vinis, livros, CDs, DVDs, velhas reportagens e afins. Lá no passado, não tinha a menor a preocupação no local nem na disposição desses pertences, aí gente nova começa a caminhar e tudo muda. A casa pequena era bastante para as nossas necessidades, festas, esbornias, de repente com pessoinha ela se torna casa de boneca. Bom quando transformamos ócio em divertimento e, diante de uma manhã azul fui retirando o passado e o presente de seus locais, a velha nostalgia do tempo em que limpávamos nossos vinis, um sábado inteiro tirando poeira, ouvindo sons, tentando reparar alguns riscos, puxa como tudo mudou tão rápido. Você leu todos esses livros? Quantos CDs você tem? São perguntas comuns de quem frequenta a nossa casa. Reordenando tudo para evitar acidente futuro, folheio livros, recordo trechos e a época que os li, às vezes encontro alguma anotação ou fotografia entre as suas páginas, fragmentos da gente soltos pelo caminho, pedaços de vida que um dia deixamos, sendo guardados em caixas e para dar lugar ao novo um belo dia são colocados no mundo, como o pó em que nos transformamos encontram outros seres e passam a fazer parte de outras histórias
quinta-feira, 8 de março de 2012
rabisco
Viajo no abrir dos olhos
no novo que se apresenta
que aos poucos
ganha movimentos ágeis
temo o finito fechar
de meus olhos
queria estar sempre por perto
para acompanhar a caminhada
sem paura
no fundo fica um pouco de nós
o cheiro da pele na saudade
alguns aromas me levam ao passado
a estrada de terra
no pequeno caminhão de meu pai
a vida do velho me conduzindo
de repente ele se foi
ficamos nós descalços
três filhos, sem remorso algum
a lembrança de seu rosto
brota diante de alguns odores
qual o perfume da vida?
o cidadão estatelado na sarjeta
consegue perceber
qual é a fragrância de sua vida?
é certo que sim
ele é um ser que caminha
também é filho
de um deus qualquer
viajo nessa obrigação ferrenha
paletó, gravata, livro debaixo do braço
a liberdade
em poder comer
um pacote cheio de batata chips
a liberdade, bela liberdade
uma puta encheção de saco
é isso o que é
uniforme para celebrar
uniforma para trabalhar
espere-me diante disso
sente-se e espere
encontro-me na condição de pária
nesse instante
a moça bronzeada
escutando um pancadão
belos olhos
que olhos!
deveria guardar o som
entre os seus ouvidos
os meus não merecem
tal sacrifício
coisa alta
que me impede de manter
a escrita chula
que não ata nem desata
o rabisco que só esquenta a cerveja
nada de útil goteja no papel
o amor vai pintar na área
quando eu pedir a segunda garrafa
o ônibus vai aparecer
quando eu acender o ultimo cigarro
dirá o careca tosco
quando eu disparar contra a minha cabeça
a ultima bala
tanta gente a nos policiar
e quando você precisa de um ser fardado
apenas os cachorros ladram
vou puxar a minha pena para o bolso
seda medíocre a deste “butiquim”
tem que deslizar suave cada palavra
a inspiração não é paciente
ela aparece e sufoca
quando menos se espera
e hoje por mais ampolas que eu seque
ela não vai chegar
e se chegar
depois de tantas águas
não vou me lembrar
vou ficar assim
tranquilo, quieto
enquanto os meus olhos viajam
Assinar:
Postagens (Atom)