sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Trindade


qual a necessidade haver Trindade?

hoje, ontem, amanhã?

no campo santo

todos são iguais

nessa existência aqui

é raro, difícil

estar no mesmo patamar

quando nos achamos assim

tem lágrima

e moramos

uns nos olhos

do outro

sim

singular

na simplicidade de ser

Trindade

a poesia

podia, pode, poderá

terminar aqui

um dia todo

ainda por viver

acontece

que estou horas  atrás

na esquina

esperando o amigo

tenho sido tudo

até mesmo sozinho

pode parecer estranho

essa solidão

não desapega

a droga para curar isso

precisa de receita

e o doutor

cumpre uma vacanza

sem fim

essa malatia

que Trindade

trata com abraço

Rec queria as minhas mãos

Raquel a minha boca

Ariadne o meu coração

as meninas da mesa

só o meu chapéu

para a fotografia

esdruxulo

sem fazer a barba

fechei a porta, o portão

desci as escadas

ganhei a rua

de todas essas pessoas

que precisam de mim

não senti

qualquer balbucio

nada

além do sono profundo

vai ser assim um dia

só o retrato

a imagem fria

sem pose nem nada

os pássaros cantam

o bolso vazio

a canção que martela

eu não preciso de muito dinheiro

e deus não existe

faz frio até

haver Trindade na memória

é o sol que aquece

parece piegas

pode até ser

quem disse

que tem que enfeitar o pavão

para falar do que se sente?

vou deixar toda a emoção aqui

a funesta lotação

acaba de comprovar o cumulo da força

dobrou a esquina