sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Meu caro Vinicius


Não sei se já te falei sobre isso, é provável que sim, bebemos muito e isso faz bem embora, digam que não, bom é quando faz mal né não? Na verdade estamos forrados de restrições, pessoas que nem conseguem rolar de tão chatas que são, mundinho vagabundo repleto de pesquisas e coisas que não são mil este em que vivemos. Ontem assistia um documentário sobre o Paulo Francis e acho que tanto ele quanto o Nelson Rodrigues são os caras que mais fazem falta nesse país, não que sejam santos nada disso, faltam muitos outros é claro, acontece, que os dois eram contraponto, cutucavam, não aceitavam as coisas como elas apareciam diante deles, falta gente que diga o que pensa sem frescura, que faça a gente rir e pensar e discutir e viver e aparecer na grande roda viva. A menina oxente cabra da peste reclama do Bolsa Família, Seca e o cassete,   das regalias que os tais programas propiciam, mas estuda numa faculdade pelo simples fato de existir o PRO UNI, saca isso? Tá se criando uma onda nessa porra de que o canudo é tudo, pegam o objeto fálico e não possuem conteúdo nenhum, não sabem dialogar, não transam idéias, usam um cabresto que nem te conto, outro dia menina disse (quarto ano de faculdade) “abrido a caixa”, o lance é que tem o fonema, periga a caixa dela ser com “ch”, cara, ando de saco cheio de acadêmicos. Não precisa de Francis ou Nelson, sei muito bem disso, o povo desta cidade a pior da América do Sul prezado Caetano se acha o máximo, vota no Tirrica que apóia a Dilma, povo que protesta votando no Telhada que nunca forrou de pau ninguém, é quase uma Madre Teresa o nobre senhor. O lance meu querido Vinicius é que pode ficar com o chapéu, você dignificou o domingo quando o colocou em sua cabeça, a menininha achava que aquilo era enfeite, não sabe de Anarquismo nada, pouca gente sabe no entanto, contudo e coisa & tal, belas figuras você me apresentou, fiquei de fazer um poema como regalo mas, ficou parte de meus dias entre os seus pertences, ontem depois do Caro Francis e hoje depois das reclamações sobre o que se estende aos necessitados “vagabundos,” me lembrei dos seus, do Vitor e de Bia Moura que são figuras jovens que tem pontos de vista suficientes para que esta cidade não se funde  ainda mais na mediocridade, parabéns e muita poesia e música e tragos por muitos e muitos anos. Não acho tão diferente o PT do PSDB, o lance maior desta babaquice eleitoreira é que os dois foram separados na maternidade, vai ser a primeira novela bomba não ficção que a GLOBO vai exibir depois desta das dez que passa por lá, espero não façam uma novela repleta de falso moralismo.   

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

madrugada na Lapa



Caminhando vem Zé, desliza pela noite, alguns buscam o seu olhar coberto pelo chapéu, se quer para o bem santo, se não quer te-lo assim é de cada um, segue o seu caminho de luz. Ela está pronta, nem tanto, quer uma química vida, batem na porta, sai para o palco. Um bonde passa, atravessa o tempo carregado de "gentes" boas e ruis, todo dia a sina de que a poesia ficou vazia, se transa apenas para manter o pacto, a porra da obrigatoriedade fisiológica,  era tão lindo quando tinha aquela carícia, de repente nem foi o tempo que encheu a relação de calos, o mar cheira tão bem quando sol aquece o Japão mas, as cartas ficaram finitas, são pedaços de papel se amarelando numa caixa da memória, a cabeça não lateja de dor, não se tem para onde sair, parece que é uma espécie de gambito do rei. A vida prossegue. O bonde passou. A falação na calçada, um cigarro pode ser  o tempo suficiente para quem trata a essência como um fino tabaco, dura o tempo cardeal de pensar o passo seguinte, quanta paz,amor,dor, esperança sob a aba que ele ajeita. Silêncio, a casa vazia, a arrumação cotidiana, o odor das sobras, cinzeiros repletos de pessoas. Ela coloca o casaco sem precisão pela ausência do frio, era apenas tirar o pó de arroz e tudo bem. Ele pisa na ponta do que fumava para quem nenhum outro trague o seu resto, atravessa soltando a fumaça ou parte do que restava dentro de si. Ela recebe os trocados pela MEAN TO ME, procura auxílio, lhe estendem algo num copo descartável, "escoti" paraguaio que deixa sobre o balcão, soltando um sorriso breve, sobrancelhas em agradecimento apenas. Porta berta, quer um chofer, uma via para sair do lugar, da solidão, pela bolsa busca um alívio, a cura momentânea, pesado casaco, as coisas caem no chão, pensa em chutar tudo, antes desse ato, ele se ajoelha, recolhe o estojo e o batom, ela fita os seus que lhe estende os braços para uma caminhada por São Sebastião do Rio de Janeiro.