sexta-feira, 12 de setembro de 2014

madrugada na Lapa



Caminhando vem Zé, desliza pela noite, alguns buscam o seu olhar coberto pelo chapéu, se quer para o bem santo, se não quer te-lo assim é de cada um, segue o seu caminho de luz. Ela está pronta, nem tanto, quer uma química vida, batem na porta, sai para o palco. Um bonde passa, atravessa o tempo carregado de "gentes" boas e ruis, todo dia a sina de que a poesia ficou vazia, se transa apenas para manter o pacto, a porra da obrigatoriedade fisiológica,  era tão lindo quando tinha aquela carícia, de repente nem foi o tempo que encheu a relação de calos, o mar cheira tão bem quando sol aquece o Japão mas, as cartas ficaram finitas, são pedaços de papel se amarelando numa caixa da memória, a cabeça não lateja de dor, não se tem para onde sair, parece que é uma espécie de gambito do rei. A vida prossegue. O bonde passou. A falação na calçada, um cigarro pode ser  o tempo suficiente para quem trata a essência como um fino tabaco, dura o tempo cardeal de pensar o passo seguinte, quanta paz,amor,dor, esperança sob a aba que ele ajeita. Silêncio, a casa vazia, a arrumação cotidiana, o odor das sobras, cinzeiros repletos de pessoas. Ela coloca o casaco sem precisão pela ausência do frio, era apenas tirar o pó de arroz e tudo bem. Ele pisa na ponta do que fumava para quem nenhum outro trague o seu resto, atravessa soltando a fumaça ou parte do que restava dentro de si. Ela recebe os trocados pela MEAN TO ME, procura auxílio, lhe estendem algo num copo descartável, "escoti" paraguaio que deixa sobre o balcão, soltando um sorriso breve, sobrancelhas em agradecimento apenas. Porta berta, quer um chofer, uma via para sair do lugar, da solidão, pela bolsa busca um alívio, a cura momentânea, pesado casaco, as coisas caem no chão, pensa em chutar tudo, antes desse ato, ele se ajoelha, recolhe o estojo e o batom, ela fita os seus que lhe estende os braços para uma caminhada por São Sebastião do Rio de Janeiro.

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