sexta-feira, 27 de março de 2015

Digressões


Nem tão feliz quanto desejava ou triste como a situação pode justificar, nem alegre nem triste como escreveu Maiakóvski, melhor assim para dar cabo a este começo estranho então, desço a ladeira numa bicicleta, dia azul, sexta da paixão minha eterno amor e, essas coisas que a gente sente e nos deixam bobos fazendo com que qualquer coisa pareça legal etc e tal. Na mochila alguns livros por devolver, de uns tempos para cá tenho utilizado a biblioteca pública, nem tudo dá para se comprar, algumas coisas não valem a pena permanecerem conosco se enchendo de pó, é legal chegar por lá, falar com os atendentes que quase sempre parecem estar de saco cheio, coisa louca isso, o prestador de serviço que não suporta te olhar na cara enfim, a leitura é uma coisa que aproxima e também cria um abismo entre as pessoas “cê” não acha? O hábito de ler devia funcionar para que a gente pudesse sacar os ângulos diversos de um ponto de vista qualquer, pouca gente lê, pouca gente pensa no que fala, pouca gente anda de “baique”, no pedalar a musica jazz no ouvido, o sol nas lentes dos óculos, tem gente que acha um desbunde, cara, vou dizer com toda sinceridade, como é bom desbundar nesse dia onde uma pá de gente trabalha. Parei para um café poucos minutos atrás, lugar bacana que diz Luiza ser caro à beça mas, viver nem sempre é barato, dá para ficar de esgueio sapeando  o papo dos outros, de certa forma vivo um pouco disso para escrever, esse funicoli, funicolá alheio, de uns tempos para cá todo mundo anda político de mais, raivosos em excesso até, contras e contrários, uma balela que nem vale entrar em detalhes, a moça que atende me conhece, tem um sorriso tão lindo que deixa esse canceriano assim tão enamorado dela, problema é que ela tem aquele troço no dedo, indicativo objeto de pertencimento, sabe do meu pão de queijo, da média escura, da menina dos meus olhos enquanto ela caminha pelo espaço que domina, tem sempre umas pessoas que olham para você dando a dica de que ali ou aquilo não te pertence, essa cidade concreto é bem assim, sempre foi, aí olho para os meus caraminguás que são iguais aos de qualquer um e dou de ombros. As duas observam a camiseta hindu, mochila hippie, capacete, um verme na visão delas, puxa, nem sabem que são tão lindas, perfumam bem que até dão um atchim em mim, saúde, evoé onze da manhã, falam dos seres nocivos gente de duas pernas, dois braços, esculhambam mesmo, Isabel tão linda que serve de forma magistral é apenas e tão somente a serviçal da casa  grande, acho legal picotar o pão de queijo, come-lo sem usar guardanapo, elas me fitam novamente, não estava me sentindo mal, longe disso, sou do tipo que fuma charuto na calçada e, avisto gente vindo lá dos confins já com mão no nariz, óbvio que quando o indivíduo chega perto solto aquela baforada, um pouco Fradim se é que entende? A vida passa pela janela e o fulano ganha o seu sustento vendendo rosas, termino o café que é mais pretexto para ver a garçonete, do que parada obrigatória ou fome matinal, se um dia ela se for acho que também parto dali, vou entrar em depressão até encontrar um outro posto para compor as minhas crônicas, pago, saio, deixo o capacete sobre o balcão, não devo ter comentado que o lugar estava quase vazio não fossem as duas e eu, volto com uma rosa na mão, as duas novamente me olham, ar de sujeitinho chato fazem, pego o protetor de cuca, chamo a pequena que vem secando as mãos no avental e lhe entrego uma rosa, vermelha ela fica a flor é rosa mesmo, as duas não falam percebo com o canto dos olhos, Miles no ouvido, a ladeira, no fundo devo estar alegre mesmo e isso é difícil.