segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Paris é uma festa



“Jogina,
que o sentimento que nos envolve seja duradouro, saiba que pode contar sempre comigo.
 De seu querido
 Ton
 13/06/2006”

É a dedicatória que está no livro, foi difícil de encontrá-lo até aquela tarde de chinelada e desbunde pela Rua Roma,estava ao lado de outro com o mesmo título, o que os distinguia era o estado de cada, o que peguei primeiro era de capa dura, parecia simplesmente não ter sido lido, o outro que fora dado de presente para Jogina, estava gasto, roto, para ser apreciado em casa, não foi pelos oito mangos que o levei, achei naquele instante que aquele livro precisava o seu caminho de pertencer ao mundo, transitar entre casas e pessoas. Fiquei pensando no que era Ton, o que significou Jogina para ele ou o que significa, uma paixão? apenas amizade? de qualquer forma algum laço foi quebrado para que aquele Hemingway fosse para em outras mãos. Sentado num é de porco na Faustolo, com a cerveja num copo curto tinha os olhos para a rua, mastigava pensamentos na aridez desses dias, tem um sol individual, tem gente querendo se livrar do seu, mas é impossível. Jogina, esse amor que podia ter sido, tantos amores que acabam em vão por razões tolas, o próprio amor é um sentimento tolo, me lembrei de Carlitos em sua busca pelo ouro, os olhos daquela mulher por quem o vagabundo fora atraído, ela se não me engano se chamava Georgia, teve final feliz esse filme, a magia do cinema, tem hora que fico pensando no depois daqueles personagens, você já viajou nisso? Saca aquela história? O que aconteceu depois? Uma espécie de A rosa púrpura do Cairo manja? vou deslizar a pena qualquer dia numa manhã de silêncio, nem tão silenciosa assim, para escrever uma crônica que narre o encontro entre Ton e Jogina muitos anos de pois, a indiferença dela num olá frio, a vibração contida dele por vê-la com um outro qualquer, sozinho Ton vai perceber ao observar o verme que a acompanha que foi melhor não ter ido adiante, ela jamais iria curtir um Bergman, que papo podia rolar depois do sexo? É bem capaz que ela tenha se tornado mais uma leitora dos cinquenta tons, é provável que ela sonhe com uns tapas quando fica de quatro e o banana seja do tipo comportadinho, aquele sujeito que aparece no churrasco vestindo camisa modelo pólo, bermuda com cinto, sapato mocassim , não sabe o que é passar a linguiça na farofa, sabe você que está nesse papo comigo que esta crônica vai rolar, puxa, quase me esqueço, quem acabou lendo o livro que comprei foi Maria Célia, deixou um pequeno cartão com algumas anotações dentre dele, fico aqui pensando, quem seria ou quem será Maria Célia?