domingo, 29 de dezembro de 2013

cantinho

algumas flores
não são presentes para você
elas murcham
um vestido repleto de cores
semelhantes
as tais batas que uso sim
faz de teu sorriso
a constância dos dias plenos
vão dizer que foi feito
por tuas mãos
o tecido que cobre o meu peito
é coisa comum
tem gente que acha
que já nasci vestido assim
pertence a esta pele rota pelos anos
foi a coisa que me enrolaram nascido na pobreza
esse dia domingo
nada se deve lavar
nem quintal
nem azulejos
hoje é dia de sair no desbunde
abrir casa no 62
esculhambar Guimarães
rir da unanimidade
fechar geladeira
abrir
destilar outra saideira
passear por este labirinto
um carrossel Ariadne
manhã tarde
ao lado do filho de Menelau
essa relação com o fim
daquilo que vai virar outro dia
passa o calendário
novo primeiro janeiro
quase tudo igual
ficou o dia
uma mãe chega
outra reza
pelo fruto que será mordido
tivesse terra o quintal
o caroço do pêssego
daria árvore
uma sombra
um sol oblíquo










quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

acontece

É grande chavão eu sei, uma virgula para Luiza e bom dia ao marido dela, gente boa esse povo,  nada a ver com chaves essas pessoas amigas, o lance é essa coisa de que certo mesmo é a morte, a tal Mega da virada é sonho que nos faz falar impropérios para o locatário, parece que rimou  não era a intenção afinal, nada mais tosco do que essas riminhas funestas, tem um chegado que faz poesia toda repleta de rimas, ele sabe que acho um puta lixo aquilo. A tarde seguia tranquila sentada numa cadeira de praia com charuto na boca, nem sol, nem lua,queria ser só tarde bebericando uma Heineken, cheia de luxo talvez, alguns pensam que o precioso liquido se restringe em Brahmas e afins, ela em meio a correria do quintal estava de boa, esperando a hora passar, toca o telefone, ela atende, escuta a voz com calma, pede um instante, traga e solta a fumaça, bebe a gelada e solta a frase de que a pessoa não está, foi viajar e não sabe quando volta e talvez somente aquele que muita gente pensa que  exista saiba por onde ela anda, desliga, volta para o assento,puxa Lurdinha e pergunta quando morreu mesmo Irene? Lurdinha que tem esse nome por causa de Tenório Cavalcanti achou que a tarde estava cachaçada de cerveja, nada pior do que estar sóbrio e acharem que você já está jogé, a tarde olhou a menina tão linda ainda virgem e tosca por guardar aquela quentura para o casamento como se homem merecesse um bem assim, aflora moça, parte para o coito não seja coitada sem saber que a parada é botar o bloco na rua, puxou a pequena e disse que o telefonema era de Daléssio, convidando Irene para aquela batida de amendoim dos hereges, não disse que ela era apenas um nome em sua agenda, melhor ficar na ilusão de que ela volte para a farra no próximo ano. 
 

domingo, 22 de dezembro de 2013

candura


Tem gente que passa e você não vai rever, foi uma noite, um dia, pequenos instantes que se tornaram grandes. Essa coisa de ser única é que faz da vida esse algo mais, muita gente não percebe isso, só olha para o semelhante nesse meio fim de dezembro, perto do velhote chegar e o ano acabar, por entre os dias pouco aprende, tempo feito água vazando entre os dedos. O problema é esse achismo todo, a superficialidade, uma marca, um padrão sem compasso, dante disso, não brinda a lua tão pouco contempla o sol. Uma noite, sexta feira, gargalhadas,papos comedidos, a fatal confraternização que não sei se podemos denominar assim quando se trata de festa de fim de ano de empresa, a saída é uma boa dose de cicuta, quase tudo muito chato, bom é que você vai usar pela última no ano a máscara, depois a pele vai descansar tranquila para quem realmente te merece. Cabe sempre como dizia a mamma, seja na poesia, na crônica ou no dia a dia utilizar bem a íris, não desperdiçar nada, criar espaço nesse tabuleiro, nessa escapada entre os retalhos sentir brotar nova luz. Fernando se desvencilhou com habilidade, achou um canto bom para fumar o charuto, entre os excluídos pela lei o bom papo, uma gorjeta para o garçom, chopp na boa entre fumaças que ganham tempo em transformação. A bela Mariana puxou Alfredo para uma tragada, ele sentia a vontade de um charuto, não fuma cigarros, não portava nenhum vício que não fosse pela bela bionda naquela noite, entre um degrau e outro sentiu o aroma que chegava de lá, era uma senha da moça puxar pelo filtro, soltar o suspiro, na timidez que foi se perdendo Alfredo puxou com Fernando o charuto quase no fim, era aquela última bagana diante da lua, a conversa fluiu entre eles e outros que foram chegando, naquele espaço pequeno gente que não se conhecia se achou, o que era apenas a saída para observar melhor o que se passava se transformou num grande xeque-mate na hipocrisia, aos poucos foram ganhando a dispersão, cada um para o seu lado, tinha felicidade  na partida, também ficou esse sentimento pairando sobre a mesa, na expectativa do próximo movimento entre a candura de Alfredo e Mariana.    

domingo, 8 de dezembro de 2013

Numa conversa com Billi


rabisca, rabisca
queima a cuca
samba exaltação
quem era
quem sou
nesse império de divagações?
como sincopar?
é certo, bem certo
que não toco pandeiro
por isso
não vou compor nada
isso é claro como Inês é morta
quando escreve o primeiro verso
o compositor já tem um tan
aquela coisa que dizia Ismael Silva
bum bum bate bum bum
pro curundun
existe o poeta sambista
poeta fazer samba
é algo raro
coisa de outra linha
admite de pé
por dentro de joelhos
que podia fazer aquela letra
olha para o papel
tenta na esquerda
corta para a direita
acaba chutando o vazio
esse de lance de jogar
para divertir os outros
não é legal
sendo assim
me coloco na arquibancada
para aplaudir e chorar
a poesia do sambista



caetés,855

A ilha do pequeno Fidel se restringe aos 50m² de um apartamento, descendo pelo elevador já começa a ranger os dentes, abertas as grades ele coloca para fora toda aquela urina, rosna para a cadela de um morador que chega, o dono dele usa aqueles óculos de Gramisci, deve estudar  PUC, sendo aquele basset seu bicho de pelúcia, tem relações loucas essa gente com bichos né não? não tenho bicho e falo bicho prá chuchu, tinha um tempo que as meninas eram chuchu, péssimo isso, afinal se dizia daquela ali que ela dava mais que chuchu na cerca, chega de legumes sobretudo esse com gosto de nada e, nada pode ser copo por se encher, é do nada que se cria, podemos comparar o nada com o vazio? tem tanta coisa para acontecer que a gente nem sabe, se soubéssemos acho que jamais iríamos pedir a saideira por outro lado, coisa vai       vai chegar tão certa quanto a bica do Anderson Silva, a flor Day gera fruto que vai pintar depois que virarmos a folhinha para 2014, por essa razão o título, foi ali que ela consumou, não o filho mas o matrimônio, em Perdizes onde não tem perdiz, naquele bairro num sábado solar rolava uma felicidade comedida, a terra precisa de mães como Day, esse ambiente necessita de doçura e com certeza esse ser que vem por aí vai encher esse mundão de carinho.