sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Obtuso


Obtuso

Fui até a Secretaria para apanhar o dicionário, a mocinha olhou meio incrédula, sempre que me pergunta alguma coisa respondo e preciso consultar um alfarrábio desses? Tem gente que me acha e nem sabe que às vezes me perco, sei que você aí lendo está pensando que quase sempre estou perdido, va bene cosí. Existem palavras que queremos usar e simplesmente não cabem, não dão o sentido, coisa bonita como alhures por exemplo, uma vez queria elogiar alguém e usei a cor púrpura para denominar a pessoa, que bola fora, um amigo apaixonado sem saber niente de flores deu para a amada crisântemos, o amor não foi para a vala claro, dura até hoje, ele simplesmente desistiu de dar flores para ela, coisas da vida né não? Nessa manhã cinza de São Paulo fui para uma sessão pública, bonito isso SESSÃO PÚBLICA, rolam tantas coisas públicas por estas bandas que o povão mesmo nem manja nada, coisa quer essa gente? Acho que o lance de muitos é OIOIO Carminha e danças funestas e quebra a banguela e vamo que vamo, ninguém segura esse país! Durante o trâmite burocrático numa sala da Rua Boa Vista Centro São Paulo, um cara descobriu que o outro era argentino, foi como se soubesse que este pertenceu a squadra de Hitler, uma chateação daquelas, brasileiro é chato e repare nem galocha usa mais, não tem aquela expressão chato de galocha? Pois é? Essa maldita opinião de Galvão Bueno que fala dos argentinos como se tudo se resumisse a uma mísera partida de futebol, não cabe entrar no mérito embora, isto aqui não passe de uma pátria de chuteiras, se a coisa degringolar é bem provável que a Dilma monte uma equipe com Marta e tudo para uma partida na Granja do Torto, é lá que habita a formosa dama? O campinho de lá não sabe o que é uma bola redonda, vamos torcer para que as coisas continuem assim, com esses números e esse grande economês. Já foi para Buenos Aires meu caro? Eu ainda não mas, enviei alguns chegados para sentir o território, voltaram de lá felizes, cheios de elogios, puxa que bom, destravei meu crédito naquelas coisas de SERASA/SPC e comprei um pacote para dar uma passeada por lá, não disse isso para o distinto cavalheiro claro, quase perguntei para ele se já foi até lá alguma vez, fiquei na encolha, quieto, encolha e quieto devem ter o mesmo sentido enfim já foi, a máquina de escrever está sem corretor, o chefe da redação precisa disto para compor o “pestape”, não tem propaganda para o lugar, faltam poucas linhas, tudo beleza, voltando ao indivíduo trancado em sua vida de arquivo, deve chamar a família como se fossem pastas suspensas, está gordo, sem pescoço, barba feita é verdade, neste quesito está melhor que eu, só que não tenho o contracheque dele, essa palavra escrevo assim ou separado? Por se tratar de uma recompensa pelo suor derramado deveria ser tudo junto, no meu caso é tão mirrado que deveria ser apenas contra mesmo, aquela contrinha de esquina com muita gordura no meio da carne. Coloquei um ponto aí, a crônica estava ficando frenética demais, entre tantas vírgulas e ausências dela, bem, onde estava mesmo? Quando a idade chega é assim, a gente começa a se esquecer disso ou daquilo, retomando, concluída a reunião, Ata assinada, o cara disse mais uma coisa para o argentino praticamente esmurrado nas cordas, faltava um direto no queixo e pronto, um brasileiro feliz afinal, nada melhor do que ganhar de um argentino certo? Disse ao brasileiro que o pior de tudo estava por vir, Argentina três Brasil zero, na final da próxima Copa, olhou com o mesmo olhar que a mocinha linhas acima, apertei a mão do figura, como dizem os jovens atualmente, pés na rua, partiu. Aquele termo que me fez recorrer ao bom e velho Aurélio é obtuso, como tem gente assim neste país.