domingo, 10 de novembro de 2013

Giba


O tempo fica nós não. Os ponteiros que não se gastam, uma engrenagem simples que não tem fim. No giro do relógio muita gente passa sem deixar vestígio, quando submersa a cidade o que os escafandristas vão encontrar entre os seus pertences serão contas vincendas e vencidas, nenhum retrato, a memória ficou guardada em objeto permeável, enquanto entrava de forma lenta a água, a agonia era se salvar, subir até o teto, tentar voar, asas porém eram o desespero e nada mais. Um menino jogava capoeira, olhava a fina densidade, além das lentes enxergava mar e Ana, era criança, mesmo assim tinha a boca seca por um cigarro, nada como ser criança, pés descalços impregnados de terra, repletos de vida e sabe de uma coisa prezado leitor me tem nos olhos? um grande barato o abraço sincero quando os corações se encontram, anda tudo tão superficial, não dá para saber se as palavras são verdadeiras ou sob efeito de algum emplasto, coisa que se usa para ficar esperto mas que não passa de grande tapeação manja? O branco papel aceita os seus traços só não admite virar bolinha, se não for coberto de palavras aceita virar aviãozinho para alegrar os pequenos. Certa vez, o menino fez o desenho de um malandro, linhas que o situavam por uma via, uma rua que passa por todos os becos do mundo, o instante do desenho finito tem a mesma contemplação de se terminar uma poesia, o que foi descrito às vezes é imaginário, o lance na folha, o figura de chapéu, foi o registro quando submersa a cidade de um dia repleto de sol.