sexta-feira, 22 de maio de 2015

Wasabi

A pena ali quieta, ao lado da caixa de tabaco que estava sobre a brochura de textos em rascunho, todos numa meditação profunda, tem um tempo que a gente fica só observando a vida com a cabeça imersa pela leitura de vários autores, cada página, cada livro finito faz com que a distância desses objetos aumente ainda mais, parece que tudo já foi escrito e, o exercício de pincelar algo novo é como queimar calorias numa esteira, passos, passos, nenhuma paisagem diferente. É certo, que logo vai surgir uma ideia para cobrir o papel de tinta, depois ganhar a tela, um destino olhos de pessoas espalhadas pelo mundo, essa aparente impossibilidade de criar é como uma partida de xadrez, naquele quadrado composto de sessenta e quatro retalhos nada se pode extrair de diferente, os movimentos seguem uma lógica catedrática, diversos jogadores respeitam as premissas aprendidas em livros, ou aulas onde os mestres não possibilitam que se abra a janela para que um sol aqueça a madeira, ilumine o ambiente, acontece, que de repente quando o abismo se aproxima você luta contra o relógio, move as peças conseguindo permanecer em terra firme, essa sensação de poder pisar em terreno seguro, é assim a leitura para o escritor, cada volume contém uma palavra que abre novas portas, rola sempre um detalhe que nos leva em direções contrárias, é  um grande labirinto, por enquanto, abro a caixa para encher o cachimbo e entre pitadas ler o último capítulo de um livro de Alan Pauls.