sexta-feira, 13 de julho de 2012

Pé na estrada

Quando Barbet Schroeder lançou Barfly (1987), os fãs do grande Charles Bukowski já tinham como parâmetro cinematográfico Crônica do amor louco (1981) dirigido pelo grande Abel Ferrara com um elenco estelar composto por Ornella Muti e Ben Gazzara, não que Barfly não possua atores desse quilate afinal, Faye Dunaway e Mickey Rourke também são grandes estrelas. Acho o Chinaski de Barbet melhor que o de Abel Ferrara embora, o conto que norteia Crônica do amor louco seja o mais espetacular do bom e velho Bukowski, a melhor tomada de uma bunda de todo o cinema está no filme de Ferrara, sim, a bunda de Ornella numa viagem em que câmera flagra o seu rosto contemplando o nada pela janela, entra pelo quarto encontrando o olhar de Henry deitado na cama e como os olhos dele a câmera se dirige até o bumbum da bella italiana, genial. Existem autores difíceis, quase impossíveis de se transportar os seus textos para a fria película do cinema, nem tão fria assim, quando temos a possibilidade de ver pelas lentes textos de Jhon Fante (Pergunte ao pó) ou de Bukowski entramos num tremendo frenesi por se tratar de uma literatura chula, rasteira para alguns mas, para nós fãs dessa coisa BEAT algo lírico, mágico etc,etc, etc, etc. On the Road de Jack Kerouac se enquadra no que acabei de dizer ali atrás, é o tipo de livro bíblia, coisa para se deixar de herança, uma relíquia pobre brochura quando se olha estático empoeirado na estante, primoroso, intenso quando tocamos a primeira frase, uma historia maravilhosa e aí jamais iríamos ver esse grande livro numa tela de cinema, de repente um diretor brasileiro se lança nesse desafio, o risco de ser enquadrado como besta ou bestial,quem se atreve a transpor para as telas a literatura Beat tem esse valor, não há meio termo ou se gosta ou não e é assim e sempre será. Ontem fomos Bruno e este figura que você lê, assistir a pré estréia de Pé na estrada, puxa que grande noite estar ao lado de meu sobrinho compartilhando aquilo, ele está no final do livro, eu já li e reli ainda outro dia para refrescar o que as imagens poderiam me fazer quem sabe chorar e prezado leitor não chorei, acho que a estrada ficou, os tipos fantásticos não brotaram, Dean Moriarty não está visceral, Terry não é uma bela latina na pele de Alice Braga, as coisas pipocam sem lógica, sem plano, falta em alguns casos um minuto ou dois que justifiquem uma sequencia ou outra, essa coisa de que não tem meio termo para apreciar de forma fria uma empeitada desse porte. E aí devo encarar ou não você deve estar se perguntando, sim, vai fundo nessa, assista ao filme, vale os tostões que você vai gastar, o nosso dinheirinho como vimos na faixa, gastamos entre pequenos charutos e cachaça falando do filme e do livro com alguns doidos numa calçada da Consolaçãol, alguns beats que defendiam a coisa, outros que não, uma Gabriela que só sorria com as besteiras que falávamos, uma quinta feira que passou sem deixar ressaca para a sexta, uma noite sem dormir como a de vinte anos atrás numa noite fria de 1992 qunado Bruno nasceu.

4 comentários: