sexta-feira, 6 de junho de 2014

Divagando

Chovia pela manhã, a pequena antes mesmo de ir para o banheiro se preparar para a escola, já falou da infiltração na casa debaixo, a mãe também falou, a sogra da mãe repetiu a mesma coisa, nenhuma delas, nem eu, moramos lá embaixo, não caia uma bruta chuva, era uma coisa apenas que fazia a gente pensar em ficar sob os cobertores, pensei em abrir uma Serra Malte, acender o cachimbo diante daquele mantra logo cedo mas, tenho certeza que as três repetiriam juntas JÁ!? Passei em silêncio, a pequena foi aprender coisas novas, a mãe para o trabalho e a sogra dela para a ginástica, fiquei sozinho, a chuva se foi, ainda bem, não tenho guarda-chuva, estranho que essa palavra não foi alterada pela tal reforma, acontece que enquanto tomava uma ducha a chuva voltou com mais ímpeto, enquanto a  água escorria era possível imaginar as três repetindo a mesma ladainha, saí para o escritório me esgueirando entre pontas de telhado para não me molhar, jornal debaixo do braço enrolado num plástico, corri feito um paulistano quando avistei a condução, não me molhei, sobrou o jornal para uma leitura durante a viagem, os caras me mandam jornal numa promoção que eu nunca pago, eles me ligam, enviam boleto, depois me esquecem, por outro lado, deixam de mandar o jornal, que não é aquele jornal de quem tem cérebro é o concorrente, acho que por isso eles me mandam, só quem não tem um cérebro para assinar aquele jornal, não me sinto bem em não pagar por ele, tem uns profissionais lá, é como ter gato NET, mas eu não fui atrás deles, também não tenho gato NET, faz tempo que não vejo o Gato Félix, eles é que vieram me procurar, nem sempre concordo com o que eles escrevem por lá, penso que o jornal de quem tem cérebro anda melhor faz algum tempo, leio ele lá no escritório, sou pago para ler notícias envelhecidas, sempre foi assim, agora tá pior, de qualquer forma, é legal ler o jornal, tem uns cronistas bons e coisa e tal. Dentro da lotação as pessoas fecham os vidros com qualquer gota, achei um banco solitário, deixei uma fresta aberta para entrar algo para se respirar, rolaram umas gotas de chuva, nada demais, não sou feito de açúcar, às vezes me acho até amargo, a vida é bem doce e dizem que isso engorda, li um pouco do jornal, apenas a parte de esportes, agora anda tudo verde e amarelo, parece que desembarcaram uns brasileiros por aqui, uma febre dessas que a única vacina tem sido um gol francês ou holandês, o rei abdicou lá na Espanha, a nossa monarquia se traduz num certo Neymar, a gente é bem besta mesmo, acho que não temos lá um puta cérebro saca? Fechei o jornal, deixei para ler no trampo, com esse corredor tem hora que se anda, na hora de descer a chuva voltou, tinha uma loira na porta, as mulheres são bem legais mesmo, carregam sobrinhas nas bolsas, ela puxou a sua, era vermelha com o nome Kalvin Klein, descemos juntos, ela abriu o apetrecho, esperamos ao lado de uma pequena multidão o sinal dos pedestres abrir, fique no ponto na espera, tinha uma poça, o carro passou atirando água em todos, até mesmo na loira que quase caiu ao tentar se esquivar, o homenzinho ficou verde, coloquei o jornal na cabeça, a moça ia na minha frente, outro sinal fechado, paramos, fiquei um pouco atrás me protegendo numa cobertura, tinha uma poça, outro carro molhou a moça, ela balançou a cabeça de forma negativa, acho que ela devia ter sorrido apesar daquele pequeno infortúnio, repetimos uma cantilena de que precisamos de chuva.  

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