quinta-feira, 10 de julho de 2014

Viva o Jaburu

Toda a cordialidade do povo nas ruas, foi concedida aos craques alemães com a bela camisa vermelha e preta, em minutos com algumas bolas no barbante fulminaram a febre amarela. Sai para caminhar na manhã seguinte, tinham uns caras em pequenas rodas, balbuciavam apenas, dava a impressão que falavam da morte do irmão Dagobé, era temido, da forma com que se comunicavam dava a impressão que o defunto poderia voltar das profundezas da incandescência para matar um a um, fosse esse o placar e até que seria legal. A cabeça minha não estava na tragédia e, sim no amor, na alegria, a noite passou azul embora com algumas gotas de chuva, deu para sentir Ana a mãe passando por entre nós com seu lenço sobre os cabelos, ela se foi faz um tempo, quando pinta julho penso no bolo que era queria fazer para a minha festa lá pelos anos noventa e pouco, Ana a filha é meu amor único que não entende motivo para tanta festa, se a uva passa imagina a vida, não sei se coloco interrogação ou exclamação, um ponto e a vida segue num fio de Ariadne que acha dormir cedo um saco, gosta de acordar tarde, ela ontem não queria se recolher, acha lindo o Jaburu, tem gente que vem e fica até mesmo quando vai embora, a festa de meu amigo terminou lá em casa, existe um privilégio em viver, que as portas estão sempre abertas, quando criança era assim, não tinha barreira para frequentar as casas, jogávamos botão na mesa de comer, as coisas mudaram bastante, Luíza acha que devo colocar um ponto, pronto. Posso continuar na mesma linha professora? Caminhando, chapéu na cabeça, camisa vermelha, estampa Ganesha, já está bem rota ela, dentro de pouco tempo vai se transformar em cinzas, roupas minhas não viram pano de chão, são queimadas como será o meu corpo, a vida sem limites, aliás, poucos assistiram Limite de Mário Peixoto, grande filme brasileiro, único do diretor, uma obra prima. Voltando do ponto de ter saído, estava cinza o dia, uma crônica na cabeça, alguns versos, entrei na padaria, a sede era de cerveja, pedi um café, muito café, pouco leite, pão de queijo, água gelada, pensei em meus amigos ali sozinho, na filha e na neta de Ana que dormiam o sono mais profundo, diante do branco papel possuía todo o texto na cabeça, tudo bem concatenado, a emoção da noite ardia na pele, rolou uma lágrima, tratei de limpa-la, essa gente confunde sentimento profundo com emoções sazonais, tem uns lances que a gente descreve que soa brega, vida Odair José! Diante da xícara vazia, a moça me perguntou se queria outra coisa ou algo assim, pedi uma cerveja, não era tão tarde, uma onze da manhã acontece, que tem aquele princípio ébrio de só beber a primeira a partir do meio dia, péssimo exemplo para a criança na mesa ao lado, mamadeira na boca, deixei os versos em suspenso para depois do jogo da Argentina, enrolei as folhas, paguei a conta, peguei a cerveja, voltei para casa pelo mesmo caminho, trocava uns tragos por uma assoviada canção do Elomar.

2 comentários:

  1. Caraaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaalhooooooo!!!

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