quinta-feira, 19 de maio de 2011

Londrina 3 - O quebra gelo

Outro dia Cida comentou que eu estava vencido, a mais pura verdade saiu de sua boca, não tenho mais paciência para grandes aglomerações, feiras disso e daquilo, talvez eu precise me reciclar. Já entrei em várias paradas, no passado até que era mais bacana, você podia bater cabeça sossegado, agora não, começa determinada apresentação e de repente doidos se espancam e lá está teu corpo no meio da roda.
Antigamente em São Paulo era comum bares para se curtir mpb, rock, blues, hoje a coisa anda meio rara, pelo menos na zona oeste. O anuncio do bar no site de turismo da cidade, dizia que a banda da sexta feira treze, fazia covers de bandas atuais e tocava músicas próprias, sendo o bar na mesma calçada do hotel, marcamos esse point como local de encontro. Era de certa forma um retorno aos tempos em que ainda ainda dentro do prazo de validade, um local como o velho Persona lá do Bexiga, sou carregado de certa nostalgia, às vezes alguns aromas me trazem determinados instantes em mente.
A sexta feira amanheceu repleta de sol, caminhamos por aquelas ruas tranquilas, encontramos uma feira livre que já estava praticamente desmontada onze e meia da manhã, para grande espanto a rua estava limpa, totalmente limpa, nem parecia que uma feira tinha passado por ali, a mexerica estava no preço desta capital cinza onde vivemos, já a banana maçã uma pechincha.  Foi um dia de grandes caminhadas almoço num certo Frigideira, sobremesa na confeitaria, até nos dividirmos, Paulinha foi para o salão preparar as unhas e Ariadne e eu para mais alguns passos pela cidade.  Lá se foi o dia assim como veio, sem dizer olá e sem dizer tchau. Cansados, Paulinha pensou em adiar o encontro, não era justo e ficamos por ali pelo quarto, fazendo coisas doidas a três, comendo banana, chupando mexerica, bebendo cerveja, o relógio badalou dez da noite e quando saí do banho lá estavam as duas roncando, organizei a bagunça e fui para o bar.
O bar era agradável, cerveja gelada, um telão exibindo velhos clássicos do rock e bota clássicos nisso, publico jovem, três mesas de bilhar do lado de fora, se meu irmão estivesse comigo daria para deslizar por uma delas, pedi uma cerveja e fiquei de bobeira esperando a Valéria. Ela voltou em 2008 para Londrina após algumas desilusões em São Paulo, foi esse o termo que utilizou, nada de passado, bola prá frente, antes que pedisse a segunda ela chegou, trazia um ar mais feliz do que aquele que portava pelas ruas de Sampa, nada como estar em nosso habitat pensei, mas não falei, está lecionando História e estudando pedagogia. Foi a primeira vez que conversei a sós com ela, devo conhecê-la desde 2003 e só naquela noite conheci parte de sua história. A banda subiu ao palco, nós fomos para a área externa, barulho, era esse tal cover, ficamos entre papos e bebes, duas gurias jogavam sinuca tão bem que se meu estivesse por ali seríamos humilhados.
Quando a banda melhorou e a cerveja estava no ponto, Valéria disse que estava dirigindo, parava naquele copo. Pedi mais uma latinha, não podia sair assim do butiquim sem uma saideira, desceu leve o liquido, pagamos a conta e ganhamos a rua. Acompanhei Valéria até o seu carro vermelho, dois abraços, um beijo, adeus e toda essa coisa comum das despedidas. Esperei que ela arrancasse com seu possante, me sentia bem, atravessei a rua e dei de cara com um bar chamado Quebra Gelo, uma latinha de saideira até o hotel a noite pedia, entrei tranquilo, escutei alguém me chamar, porra já sou conhecido na cidade imaginei, alguém tocou meu ombro, fui barrado, mesmo parecendo a Bate Pinga naquele lugar não se pode entrar vestindo  bermuda. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário